Otima materia que aborda a maneira que a tecnologia influenciou na forma de se comprar e vender suas musicas, ate mesmo disponibilizando gratuitamente.
Downloads é um meio para atingir grande público em busca de canções
Por Álvara Bianca
Antigamente, o sucesso de uma banda era medido pelo número de discos vendidos. Tinha então a entrega dos prêmios, os famosos discos de ouro, platina e diamante que eram dados a uma gravação pela venda de certa quantidade de suas cópias. Quase todos os países seguem variações das categorias definidas pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica). O número de vendas necessárias para tais certificações pode variar de acordo com a população do território onde a gravação foi lançada.
No Brasil, o disco de ouro é uma certificação entregue a um artista que vende 50 mil cópias de um álbum. Este número era de 100 mil até janeiro de 2004, quando foi reduzido por causa da popularização do mp3 e, conseqüentemente, queda na venda de discos. Já o disco de platina é entregue para 150 mil cópias e o disco de diamante para quem consegue vender 250 mil unidades. Nos EUA os números são de 500 mil, 1 milhão e 10 milhões.
A indústria fonográfica já passou por várias transformações, os antigos LPs foram substituídos pelo CD. Os Compact Discs prometiam maior capacidade, durabilidade e clareza sonora, sem chiados, fazendo os discos de vinil serem considerados obsoletos. Mas com o crescimento do acesso a internet, surgiu uma nova forma de obter as canções dos artistas, os downloads. Uma maneira bem mais barata de conseguir ter música, uma vez que o preço do CD no Brasil é bem alto.
O download possibilita que inúmeras pessoas baixem as músicas de qualquer lugar, alguns artistas optam por cobrar pelo serviço, outros disponibilizam gratuitamente para o público. Porém, muitas vezes esses downloads são postos na rede sem autorização do artista, o que pode refletir numa atitude de falta de ética.
Em meio a essas transformações, até mesmo as certificações já não se aplicam apenas a mídia física, e agora estão sendo premiadas canções usadas de diferentes maneiras. Em junho de 2006, a RIAA certificou 84 canções como vencedores de ouro em download de ringtones, 40 de platina e 4 “multi-platina” (dupla ou tripla). Recentemente nos Estados Unidos e no Brasil estão sendo classificadas também as vendas legais de gravações pela Internet.
“O mercado passa por uma crise, e não é a primeira vez”. É assim que Renato Herédia, vocalista e guitarrista da banda Acullia, avalia o momento em que a internet é uma saída para obter músicas. “Algo semelhante aconteceu quando lançaram as fitas cassete, que gravavam do vinil. O que surgiu nessa época para salvar o mercado? O CD e a MTV. Faltam idéias originais! Na minha opinião, o pior é que o sucesso de uma banda (dentro ou fora da gravadora) é medido pelo lucro que ela trás e não pela qualidade. E se a indústria fonográfica perdeu o interesse na música por que o consumidor deveria dar?”
E como o número de CDs vendidos já não é tão grande, os artistas acabam ganhando mais dinheiro fazendo shows. Renato diz, “o show é a maior fonte de renda no cenário musical. Os CDs e DVDs dão muito pouco retorno nos dias de hoje! O CD ainda é importante e utilizado. Mas é um investimento que a banda faz, como um cartão de visitas. É uma mídia muito barata e consequentemente descartável, custa R$1,00. Muitas pessoas gravam CDs e depois se cansam e jogam fora”.
Renato ainda aponta uma atitude. “Acho que é necessário se libertar do sistema. As gravadoras têm que se reinventar dos pés a cabeça, e não ficarem apenas esperando vender apenas muitos pedacinhos de plástico e nada mais. CDs de boa qualidade ainda são comprados. Ninguém assiste a filme sem música, ninguém se casa sem música, ou seja, há esperança”.
Um exemplo de banda que disponibilizaram o CD gratuitamente para download é a Tópaz. Em entrevista por e-mail para a Pandora, Alexandre Nickel, vocalista e baixista da banda gaúcha, conta um pouco sobre essa atitude.
Pandora: Em relação ao alto preço dos CDs, a internet é uma saída para obter as músicas. Uma forma simples e barata, muitas vezes de graça. Acreditam que esta é a melhor forma de alcançar um maior público, e se deveria cobrar pelo download.
Alexandre Nickel: Cobrar pelo download não funciona. Pode até funcionar em um ou outro país, mas aqui no Brasil não vai dar certo. Talvez se essa estratégia de venda tivesse começado a ser usada paralelamente com o crescimento da internet no país a 15 anos atrás e viesse junto com uma mudança cultural. Bom. Aí… Talvez. Mas não foi o que aconteceu. Acho que tentar reverter isso é financeiramente inviável para indústria. Ninguém, que cresceu com essa prática e sem a noção dessa propriedade artística vai adquirir o gosto por pagar por download.
A melhor forma de atingir o público é pensar primeiramente no material produzido e depois na forma de distribuí-lo. Vejo muitas bandas fazendo um esforço para mostrar o seu trabalho inversamente proporcional ao esforço para fazer essas músicas. O equilíbrio nessa fórmula é o melhor norte para o lance realmente funcionar.
Materia inteira: http://pandora.jor.br/2011/05/05/musica-na-internet-do-vinil-ao-simples-click/
Fonte: http://pandora.jor.br/2011/05/05/musica-na-internet-do-vinil-ao-simples-click/